Antes de tudo, desculpem-me por ter sumido. eu comecei a ficar enrolado com tantas coisas para fazer e depois de um tempo acabei esquecendo a blogosfera. Mas agora decidi voltar para esse universo, é.
Pergunta importante: o que Lady Gaga, Glee, Percy Jackson, Twilight, Twitter e outros fenômenos da cultura Pop têm em comum? Difícil dizer? É, bem possível que a resposta óbvia seja "estão na moda". Mas eles estão bem mais ligados, em um nível mais profundo. Um nível que envolve grandes clássico da literatura, se você quer saber, muitos deles tendo ficado guardados na memória da sociedade como marcas de suas gerações. O que eu estou querendo dizer com tudo isso? Bem, antes precisamos de uma viagem no tempo.
Anos 80-90. Os filmes dessa época são bem antológicos em criarem figuras fortes e marcantes da cultura de massa. quem aqui não sabe quem é Indiana Jones ou Darth Vader? Mais marcante ainda é a força que alguns tipos de filmes, principalmente os voltados para os adolescentes dessa época, dão para determinados "grupos". "A Vingança dos Nerds" de 84 e "Patricinhas de Bervely Hills" de 95 são exemplos interessantes dessa característica da cultura pop de então. outros filmes dessa mesma época criaram "nichos" sociais, como os dos fãs desse ou daquele universo de ficção. Resumindo: Estamos na época em que achar uma identidade cultural em um grupo é importante. Você precisa se identificar com ser nerd, ser valentão, ser geek, ser patricinha... Você é parte de um grupo e fora dele você não é nada.
Então a cultura de massa está impelindo essas segregações sociais? Nada disso. Ela apenas reflete o que está acontecendo no mundo. Filhos de uma geração em que a massa teve de lutar por liberdade ou outros valores, a geração de 80-90 se viciou na idéia do grupo, mas também busca a identidade, criando um meio-termo estranho em que você nem é você e nem o todo.
Esse fenômeno é mais comum do que muita gente pensa. A mídia e a cultura tendem a "refletir" ou "prever" a estrutura social de cada geração. Quem não se lembra de "Os Sofrimentos do Jovem Werther" e a onda de suicídios românticos dos anos seguintes. O livro provocou uma onda de suicídios? Não, ele só antecipou o que estava pro vir, ele estava na vanguarda, à frente de sua época.
Se naquela época eram os livros o grande holofotes a cultura pop, a televisão, a internet e a música, juntos, formam uma grande força cultural una. E, novamente, essa força cultural revela como está nossa sociedade. Voltando aqui ao início do post, o que todos aqueles produtos de mídia têm a ver com essa história? Eles estão refletindo a realidade atual da nossa sociedade humana, uma sociedade que reage ao paradigma das duas décadas anteriores de buscar um Lugar Social. Uma sociedade em que o indivíduo tem de fugir de ser isso ou aquilo. Uma sociedade em que o indivíduo se destaca do grupo.
Não entendeu? Vamos por partes.
Em Glee vemos um grupo de adolescentes desajustados que não se encontram em seus lugares sociais. Temos a gordinha que não se encaixa no mundo das gordinhas, temos o jogador de futebol que não se encaixa no mundo dos atletas, temos... Temos N indivíduos que não se encaixam em seus lugares sociais e, juntos, através da música, tentam expressar quem são e lutam para não ficarem presos ao lugar que a sociedade lhes atribuiu. Lady Gaga é o símbolo da inadequação social. Ela não se define por ser X ou Y, mas por ser ela. Não há adequação ou acomodação, há o indivíduo. O mesmo dito de Glee pode ser dito de Percy Jackson ou Crepúsculo, em que os protagonistas estão presos em lugares sociais desajustados e fogem para um mundo em que não precisam se adequar a um padrão, mas podem viver sua individualidade e seu desajuste como características boas e não más. E o Twitter é a versão exponencial desse fenômeno. Os limites quebrados fogem ao espaço do lugar social e invadem o próprio lugar físico. Você não precisa ser famoso para ter seguidores, nem precisa se limitar a falar com quem está perto. Como diria uma certa propaganda de uma operadora de celular, não há mais limites no mundo.
"Viver sem Limites."
Uma geração impõe que você deve se adequar a um modelo. A geração seguinte te diz que você deve fugir desse modelo. Para o que seremos programados na geração seguinte. Sobre o que serão nossos filmes. Será que nesse jogo polêmico de tensiona e relaxa, a geração de 20 e 30 enfrentará uma forte ditadura social e o individualismo estará em baixa? Difícil prever... Talvez devêssemos ficar de olho nos grandes sucessos de público dos próximos anos se quisermos saber como será o futuro. Grandes mudanças sempre foram e sempre serão profetizadas pela mídia, acredite.